“Grande parte da proposta cultural das escolas se baseia na ideia de que o ser não está pronto e que nós educadores precisamos agir para que eles se tornem alguém. Quando mudamos essa perspectiva e começamos a nos conectar com a atenção plena, com o tempo presente, com o aqui e o agora, criamos uma relação mais justa com a criança, a partir do que ela pode fazer nesse momento, do que ela pode ser, do que acontece diante dos nossos olhos, sem julgamento. Isso é dar chance para o nascimento de uma nova escola”, afirma Marcelo.
As técnicas milenares do mindfulness consiste em focar a atenção no tempo presente, ampliando a consciência sobre os pensamentos, sentimentos e ações, e promete oferecer maior bem-estar, empatia, foco, melhores respostas aos desafios e pressões diárias, menos estresse.
“Quando falamos da prática de mindfulness é importante deixar claro que ela não muda o que acontece ao nosso redor, mas promove uma tomada de consciência que nos tira do automático e nos leva a ter um olhar mais amplo, oferecendo novas oportunidades de resposta àquilo que nos acontece, respostas emocionalmente mais saudáveis, leves e positivas, tanto para crianças, quanto para adultos, dentro e fora da escola”, explica a especialista em meditação Daniela Degani, idealizadora do projeto MindKids, que tem como propósito levar a meditação para o ambiente escolar.
Os princípios da meditação mindfulness também estão inseridos na rotina da Juan Uribe Inglês Afetivo, escola especializada no ensino afetivo do inglês para crianças de 2 a 14 anos, em São Paulo. Para Juan, fundador da instituição, ajudar as crianças a cultivar habilidades socioemocionais faz parte do processo de ensino. “Se questões humanas como empatia, compaixão e generosidade estão presentes, essas crianças vão conseguir brilhar em qualquer área. O que o mercado de trabalho e o mundo mais precisa hoje é de pessoas humanas, presentes, que não estejam anestesiadas”, afirma o docente.
Segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA), da Universidade Justus Liebig Giessen (Alemanha) e da Universidade de Massachusetts (EUA), por exemplo, o mindfulness é capaz de modificar a estrutura cerebral, aumentando a densidade da massa cinzenta no hipocampo e reduzindo a massa cinzenta na amígdala. Em outras palavras, isso significa um aumento da área cerebral ligada ao aprendizado, memória, introspecção, e redução da área relacionada ao comportamento mais agressivo, reatividade e respostas impulsivas.
Outra pesquisa realizada por cientistas da Universidade Católica de Leuven (KU Leuven), na Bélgica, revelou que a prática do mindfulness também foi responsável por reduzir os sintomas de depressão, ansiedade e estresse nos jovens.
Respaldadas por pesquisas científicas como essas, que comprovam os benefícios do mindfulness para a formação integral dos alunos, escolas ao redor do mundo seguem esse mesmo caminho na busca por uma educação transformadora, humana e positiva.